Blackouts & backups

Quando acontece você fica perplexo, sem ação, mesmerizado diante da tela negra.
O seu PC, seu amigo de todas as horas virou-lhe as costas e resolveu pifar.
E sempre acontece quando justamente você acabou aquela "fatigosissima labuta" que roubou dias (e noites) de ar fresco e saúde.
E você não fez o backup. Não deu tempo. Pifou assim, "que nem passarinho" se diria nas Minas Gerais. Na verdade, o tal backup é uma coisa utópica, você faz e nada acontece, você esquece e a lei de Murphy é infalível.
E você se sente só. Abandonado e infeliz. Traído pela tecnologia falível.
Então de início você nega, pensa: deve ter sido a bateria, o monitor, bombardeio solar, ou qualquer desculpa esfarrapada que te passe pela cabeça. E tenta acessar modos de segurança que não rodam. Daí você se irrita, se rebela, tem vontade de chutar, dar umas pancadas na máquina, como se faziam nas TVs com transistores (afinal você era daquela época). E xinga Bill Gates (que não tem nada com isso) e fica querendo saber quem foi Hewlett Packard*, Vaio Sony, Altec Lansing** ou Intel Centrino*** e qualquer outro nome que lhe passar pela frente (no console) pensando se eles tinham mãe.
Como uma maré de mudanças climáticas, de ressaca, de grandes ondas, você vislumbra seu castelinho de areia se desfazendo para sempre, sem retorno.
E acaba se resignando, pensando se é possível salvar alguma coisa daquele amontoado de bits e bytes que representam parte de sua vida, até constatar que a formatação é inevitável e que nada no planeta vai salvar os seus dados, assim como num Alzheimer xenobiótico.
Menos mal que ainda se lembra na sua velha cachola de uns links frequentes e de uns amigos fiéis que vão te ajudar nesta longa fase de recuperação...

PS: Façam backup!

(*William Hewlett e David Packard, ** James Lansing, ***Gordon Moore & cols)