domingo, 7 de abril de 2024

Ikebana

Contorcida sobre si Ergue-se buscando a luz E floresce simplesmente.

Fragilidade

E a fragilidade da sua (e da minha) existência me atinge como uma avalanche.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Seu aniversário

Dia 19 foi seu aniversário. Fiquei feliz por isso como se fosse o meu.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Assim, de repente.

Ontem, assim de repente, me veio a sua ausência sobre mim. Senti a dor por aquilo que perdi, sem nunca ter tido realmente. Dentro, agradeci por aquele momento em que segurou a minha mão, no seu quarto, enquanto eu chorava. Ali fomos mãe e filha. Em silêncio, enquanto os outros festejavam. Ali, nas nossas fragilidades expostas, diferentes na nossa solidão. Ontem, como numa avalanche, senti o peso da sua falta.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Afogada

Hoje eu quero a benção da água morna, quase fria, para acalmar a neuralgia que me queima a alma. A onda calma marcando a respiração. Não há silêncio dentro. A tristeza grita, atordoa. A lágrima pesa como mercúrio líquido enquanto a consciência voa rumo ao infinito. A rima é fraca e pobre como o espírito. A banheira enche devagar me fazendo leve como não sou.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Cerejas e figos

Quero me lembrar de você nas cerejas e figos e nos pêssegos doces e sucosos. Quero me lembrar de você nos brigadeiros, nos bolos e nas coisas proibidas, Porque você amava o que era proibido. De fato, você levou a vida quebrando as regras. Foi mãe, apesar da sua estranha forma de conceber o conceito. Quero me lembrar de como me consolou da última vez, E na sua fragilidade, segurou a minha mão. Nunca você foi tão minha mãe como naquele momento. Na verdade, nosso relacionamento não foi um mar de rosas. Mas não faz mais diferença. Quero me lembrar de você quando vir o mar e no horizonte, suas naves brancas de cruzeiros. Quero me lembrar do seu sorriso. Você foi mais bonita que a garota de Ipanema, fique tranquila. Eu vou me lembrar, mãe, enquanto eu viver. Cármen Rute Miranda 16/7/1940-07/2/2024

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Reflexões

Todas as coisas que me sensibilizam passam a fazer parte de mim. Criam improntas na minha consciência. Algumas são boas, outras são feridas. O dia amanheceu claro e a lembrança dos ensinamentos de alguém sábio me fazem companhia. Ainda dói, mas consigo erguer a cabeça e seguir em frente. Vou atrás de respostas para as perguntas que nascem. As questões antigas, que não soube resolver, vou deixar para quando tiverem soluções. Ou vou simplesmente deixá-las caducar. Percebo que os meus desejos são só meus, e assim meus valores. O tempo é um bem precioso. Mesmo que lhe pareça caro, valorize quem o dedica a você. Nenhum dinheiro paga o que se perde para sempre. Todo o projeto é mais excitante durante o caminho. É o processo que conta. Porque a conclusão é sempre a mesma: a morte.