domingo, 24 de novembro de 2024

Reflexões sobre a Arte, a efemeridade e seus objetos

Nos últimos dias vem acontecendo uma discussão sobre o alto preço pago por uma obra de arte que consistia numa banaba aderida com silver tape a uma parede do museu onde foi exposta. Além do "corpo" do objeto o autor fornecia um certificado de autenticidade da obra. O mesmo autor, que informava que a dita banana poderia ser substituída sem a perda do valor da obra, dada a sua efemeridade. O comprador, um milionário chinês do ramo das criptomoedas, após pagar mais de 6 milhões de dólares por ela, disse que a comeria. Embora muitos tenham se mobilizado questionando o valor e até se isso poderia ser uma "obra de arte", a verdadeira questão que me ponho não é essa. O problema está que é um plágio, ou seja: como arte conceitual, ela não é nova. Se consideramos a obra como um objeto conceitual, sua análise se despreende da materialidade e vai para o campo da semiótica: ou seja, para a ideia. Assim, a banaba poderia ser uma obra de arte desde que transmita um conceito, uma ideia. E a ideia aquu seria uma crítica ao mercado de arte e ao que ele representa. Só que aqui esbarramos no fato que isso já foi feito antes, há mais de 60 anos, em 1960 por Piero Manzoni com a dinâmica "Consumo dell'Arte", onde firmou ovos cozidos e os deu para que o público os devorasse tornando-se assim uma extensão da obra e de consequência eles próprios uma obra de arte. Conceito aliás aqui melhor explorado e muito mais sutil, dado que havia intencionalidade desde o início. Em poucas palavras: não há qualquer originalidade no caso da banana de Catellan. Por isso para mim perde o valor. Somente retoma uma crítica e uma modalidade já amplamente usada no passado. É apenas uma cópia do que já foi feito.

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