O que estamos vivenciando neste ano é de fato inédito.
Minha geração não havia vivido uma crise planetária como esta.
No entanto, não justificaria a inépcia com que ela foi conduzida. Exceto se ela refletisse o verdadeiro caráter nacional. Vamos conferir:
1)Para começar a fanfarrice, contar vantagem, se fazer de corajoso e forte, quando na verdade se è um covarde. Plenamente demonstrado com a contínua transferência de responsabilidade para qualquer um que estiver nas proximidades. Basta fazer sombra.
Tudo se pode desde que saia bonito na foto.
2)A inabilidade em decidir baseado em fatos ou estudo, é outro vício. A superstição, a “fé”, a sorte, a opinião da vizinha, o Facebook manipulado, tudo vale. Estudar para quê?
3)O egoísmo, onde o centro do Universo sou eu “e o resto que se exploda”, marca uma boa parte dos devotos “cristãos” e “fiéis”. A vida alheia só serve para fofocar, falar mal, autopromoção e divertimento pessoal. Nossos filhos podem “na graça do Senhor “ “pegar a mulherada” do condomínio, da rua, da cidade inteira e é lindo, porque mulher è espécie “de segunda”, para usar, para abusar, matar e jogar fora. Mulher é Amélia ou Geni. E tem que aprender Libras porque ficar calada é fundamental. Rebolar seminua também.
4)A vida não vale muito. Na verdade, vale bem pouco: um tênis, um celular, vinte reais. A vida é comprável: um quarto de salário mínimo, um cartão do bolsa família. A vida não tem importância. Duzentas mil vidas perdidas não serviram para ensinar nada. Exceto que não somos importantes. -“E daí?”, nos disseram. E nos calamos.
5) Adoramos adorar. Elegemos nossos ídolos e os adoramos como ícones, defendendo seus desmandos, abusos (inclusive contra nós mesmos), incoerências, simplesmente para não termos que admitir termos errado com eles. Para que a imagem deles, e de consequência a nossa, não fique desacreditada. Temos medo de “parecermos” errados, então “estar” errado é totalmente justificável.
6) Aparências, ah, estas são a razão de viver! Ser não importa. Parecer é tudo!
Você precisa parecer bem sucedido, parecer ser inteligente, parecer ser amado, parecer ter bom gosto, parecer ser rico, parecer jovem (aqui entende-se juventude como um valor), ... Ser é secundário, desnecessário.
E veja, o melhor é não precisar saber nada. Basta parecer. Conhecimento pode ter a espessura de uma epiderme. Se leu na rede social, então deve ser verdade. E qualquer problema apele para o termo “elite”.
7)Nada como uma boa festa. Nada como uma aglomeração. Adoramos filas até no pedágio nos feriados. Gostamos de multidões e fazemos muita sujeira onde vamos. Bebemos para perdermos a consciência, comemos para nos entupirmos, nunca para apreciar o que nos servem. O exagero é mandatório. Em todas as instâncias.
8) Somos preconceituosos, racistas (de todo o arco-íris), retrógrados, preguiçosos, abusados. Somos medíocres.
9) Queremos levar vantagens sempre, dar “o golpe”, atropelar os demais, sermos “espertos”.
10) Leis não se aplicam. São decorativas apenas.
Dá-se um jeitinho, quebra-se um galhinho. Se for parente ou amigo, então, está tudo perdoado, justificado.
Dito isso, que é uma pequena amostra dos nossos defeitos mais arraigados, vemos o porque estamos sendo governados por um sujeito que espelha nossas características. Cada povo tem o governo que merece.
Infelizmente para nós, me olhei no espelho e não gostei do que vi.
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