quinta-feira, 26 de março de 2009

Takuboku Ishikawa

É um poeta japonês, que faleceu em 1912 de tuberculose aos 27 anos de idade. Seu nome era Hajime Ishikawa.
Seu livro de Tankas (poema de 31 sílabas fonéticas divididas em 5-7-5-7-7 sílabas) é um dos meus preferidos. Tão moderno, tão atual, tão universal.
Talvez porque sentimentos sejam mesmo universais, especialmente quando descritos em um modo tão limpo de subterfúgios e ao mesmo tempo tão delicadamente que faz pensar.


ho ni tsutau
namida nogowazu
icchaku no suna o shimeshishi hito o wasurezu


Nas mãos, um punhado de areia.
Lágrimas a escorrer pelas faces.
Como te esquecer?

aozora ni kie yuku kemuri
sabishiku mo kie yuku kemuri
warenishi niruka


Fumaça que se desfaz no céu azul
Fumaça que se desfaz melancolicamente --
Meu espelho

tomo ga mina ware yori eraku miyuru hi yo
hana o kai kite
tsuma to shitashimu


Quando todos os amigos
Parecem me superar, compro flores
E o íntimo reparto com minha mulher.

furusato no namari natsukashi
teishaba no hitogomi no naka ni
so o kiki ni yuku


Sotaque da minha terra
Vou à estação ouvi-lo
em meio ao povo

tôkai no kojima no iso no shirasuna ni
ware nakinurete
kani to tawamuru


Pequena ilha ao leste do mar
Brinco à luz da areia com um caranguejo
A face molhada de lágrimas.

ono ga na o honoka ni yobite
namida seshi
jûshi no haru ni kaeru subenashi


Não há retorno à primavera
Dos 14 anos que me chama
Com lágrimas nos olhos

kanashiki wa,
(ware mo shikariki)
shikaredomo, utedomo nakanu ko no
kokoro naru.


Triste o coração infantil que não chora:
Nem repreendendo, nem batendo
(também fui assim).

asobi ni dete kodomo kaerazu,
toridashite
hashirasete miru omocha no kikansha


Meu filho foi brincar
e ainda nao voltou
Me divirto com o trenzinho!

yoru osoku
tsutome saki yori kaeri kite
ima shinishi chou ko o kaki idaku


Retornando noite alta do trabalho
Agasalho forte ao peito o filho
Que há pouco esfriou para a vida

inochi naki suna no kanashisa yo
sara sara to
nigireba yubi no aida yori otsu


A areia fugindo vazia
Entre o vão dos dedos:
Inanimada tristeza!


Tancas extraídas de Takuboku Ishikawa, "Tankas"
Tradução: Masuo Yamaki e Paulo Colina. Edição original de Roswitha Kempf Editores
4a edição, 1991, por Massao Ohno Editor e Aliança Cultural Brasil-Japão

Nenhum comentário:

Postar um comentário