sexta-feira, 27 de março de 2009

O aniversário de meu avô

Hoje seria o aniversário de meu avô Helio.
Ele foi uma figura importante na minha infância. Era a figura masculina mais próxima.
Eu era muito ligada a meus avós.
Acho que por ser de uma época onde as famílias ainda tinham pais e mães, estudasse em escola de freira, estas coisas que hoje em dia são tão antigas, tão do outro século... É, eu sou de um outro século. Depois do desquite dos meus pais, em 70, passamos todos a viver com ele. Desquite era palavrão naquele tempo, era uma doença maligna.
Eu, já estava lá com ele, desde o ano anterior, após a morte da minha avó Amélia.
E dali em diante a família de todos os dias passou a ser meu avô e a nossa "Ia", a tata, que ocupou com a maior dignidade o lugar de nossa mãe, que partiu pelo mundo atrás de uma suposta felicidade impossível.
Ele morreu em 83, já faz tempo, com 79 anos. Se fosse vivo estaria fazendo 105 anos bem hoje.
Português de Mira, uma aldeia próxima a Aveiro, onde nasceu minha bisavó Rosa Mathias, uma morgada, herdeira deserdada das marinhas de sal. Isto porque ela decidiu se casar com meu bisavô José Diniz de Carvalho de Miranda, artista em Coimbra, escultor, e seu pai não queria. Imaginem a moça bem criada e o artista: de jeito nenhum! Fugiu, e acabou com o amado e sem herança. Imigraram para o Brasil. Viraram todos Miranda e só.
É uma odisséia a sua história, as tantas histórias de meu avô.
Pena que muitas já se perderam, sem ter tido quem as tivesse ouvido para poder recontar depois...
Hoje é o aniversário de meu avô. E eu não esqueci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário