quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Silêncios


(Dedicado a você, pessoa para quem eu gostaria de estar dizendo isto, mas não disse.)


É para você este silêncio.
Para você, que me chamou amiga, que me acariciou o ego, e que de um momento para o outro desferiu o tapa.
Inesperado, doído e insano. Palavras ásperas, cheias de amargura.

É para você este silêncio e a dor.

Para você, que sofre por não poder mais brilhar.
Ou pelo menos, por não poder mais fazer aquilo que você acreditava ser o seu melhor.
Para você, que busca afirmações em cada pequeno movimento e demonstra isso nas suas eternas indecisões.

É para você este silêncio, a dor e o peso.

Para você que ainda poderia elevar-se no ar, tão alto, tão leve,
mas o medo do ridículo,
o medo do confronto com o passado,
lhe deixa presa com sapatilhas de chumbo em uma areia movediça de insatisfação.
Para você que se tornou uma pálida imagem de si própria,
negando os seus verdadeiros anseios, seus verdadeiros desejos.

É para você este silêncio, a dor, o peso e a pena.

Para você que teme os fantasmas que cria,
as paranoias delirantes de perda do seu "reino",

de sua influência, do seu poder,
sem perceber que a sua glória, a sua imortalidade, está justamente naqueles a quem combate.

É para você este silêncio, a dor, o peso, a pena, e o vazio.

As cortinas descem devagar, as luzes se apagam junto com os sorrisos.
Me retiro calada.

Resta o silêncio.


NA: Imagem de autor desconhecido, do site (http://avidaeumpalco.com/tag/teatro/)

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