quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Relações de trabalho em Musacealand.

 Era uma vez, em Musacealand, numa localidade chamada Bananinia, um médico que trabalhava no pronto-socorro do hospital municipal. Tudo ia bem e regular até quando a escala dos plantões começou a apresentar dificuldades para suprir o atendimento público. 

Então, foi proposto pelo RH e responsáveis da escala para o médico que viesse cobrir os horários abertos de modo a que a população não ficasse desassistida. Foi então explicado ao médico que, as horas extras que atingissem um certo número de horas cobririam um suposto “desconto” sobre o teto, dado que este último se aplicaria somente ao salário (e não às horas extras). O médico, sendo um funcionário subordinado, acatou a decisão da chefia e TRABALHOU inclusive em feriados e horários ruins, abrindo mão de sua vida privada e da convivência dos seus para poder suprir a escala. Os holerites vieram regularmente por meses com o “desconto sobre o teto”, o que induziu o médico a acreditar que era tudo regular, considerado que ele próprio não seria capaz de fazer horas extras espontaneamente (por livre decisão) e estas eram autorizadas pelas secretarias responsáveis. 

Numa certa manhã, no trabalho, o médico foi informado que ele seria um “fraudador dos cofres públicos “, um meliante, um bandido da pior espécie por ter TRABALHADO e que deveria devolver no prazo de duas semanas os valores referentes às horas extras e a insalubridade (?)! 

Surpreso e indignado o médico adoeceu. 

Procurada a justiça, perdeu em primeira instância. 

Moral: 

1) as secretarias municipais não sabiam da lei? Se sabiam por que autorizaram as escalas?  Se não sabiam, por que não assumiram a sua culpa?

2)  Se administrativamente houve um erro, por que quem paga é o trabalhador? 

3) Dado que houve a prestação pelo trabalhador, o MP apoia o trabalho análogo à escravidão  dentro do serviço público? 

Em Musacealand, a escravidão é legalizada desde que seja nas instituições públicas. 

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