Foi com desconforto que assisti a mais uma manifestação do sujeito que coloca os glúteos na poltrona do palácio e se comporta como se vivesse em um mundo paralelo.
Não foi nada dirigido a uma gente que perdeu em um ano mais de 400mil cidadãos, que por sua turrice e miopia poderia ter tido um curso diferente. Também não foi dirigido aos outros milhares de pobres e miseráveis, multiplicados geometricamente por inépcia pura.
Foi uma pseudoautocelebração. “Fiz isso, fiz aquilo”, só que não. “Sou contra isso, contra aquilo”, e não me importo minimamente com a sua opinião, afinal, quem pode manda.
Não vou dizer que tudo vá bem no quintal alheio, mas digo que outros se esforçaram para tentar manter (de fato) uma mínima condição de sustentabilidade baseado em bom senso.
Durante todo o processo na condução da crise, vimos o sujeito professando-se em prol da catástrofe, o descaso com a vida, as consequências de suas opiniões delirantes e irresponsáveis. Assistimos perplexos às declarações contra a ciência, a venalidade mais banal e crua se impondo sobre os valores da ética e da decência, o riso sardônico de desprezo ao lugar da empatia.
Vi quem aplaudiu as fanfarrices e só me fez pensar que no fundo era outro fanfarrão, pois iguais se reconhecem. Os aplausos de muitos serviram a esconder suas fraldas borradas pela realidade.
Vi as transferências de responsabilidade e culpa para quem de fato agiu, diante do impensável. As culpas são amplamente distribuídas, mas o senhor em questão é infalível, “imbrochável” (sic) e “imorrível”, de consequência, um intocável.
Como um deus priápico de quinta categoria, segue fazendo festa na tragédia e circula de moto aquática ou terrestre no seu mundo encantado onde a conta é nossa.
Tenho pena dos meus concidadãos que neste momento estão atravessando situações de risco, os que perderam suas casas, os que perderam suas famílias, os que perderam seu trabalho, e os que perderam suas vidas. Tenho pena de nós que precisamos sempre de um “salvador da pátria”.
Hoje iniciamos um novo calendário, inauguramos um novo ano. Não vou falar coisas bonitas. Todos os anos são difíceis de certa forma para quem os vive e depende de si. Nem sempre estamos bem, dispostos e prósperos. Este não fugirá da regra.
Será um ano de escolhas. Que saibamos ir além das conveniências, refletir, escolher. Provavelmente não será o ideal. Talvez seja só o possível.
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