Hoje é seu aniversário, mãe. Estranho o sentimento em ver-te ali, naquela cama. Um pouco viva, um pouco morta. A vida seguindo seu rumo fora daquelas paredes. Ouço seu discurso um tanto confuso, percebendo que a demência progride a não há como pará-la, nem mesmo quando a senhora afirma estar “lúcida”, mas não recordar-se que “o homem dono do sítio do laranjal” era seu pai.
Vejo sua fragilidade. E reconheço a minha.
Não posso dar o presente que eu gostaria. A vida é matreira e cobra caro os descuidos.
Mas adoçamos sua boca com o bolo que você queria e cantamos parabéns fazendo de conta que era festa.
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